quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

A mãe e outros modos de viajar, livro de poesia para crianças





No princípio

Sem mapas nem bilhetes,
sem bagagens,
sem nervos à partida,
sem pensar na comida,
sem cuidar da dormida
-foram assim as minhas primeiras viagens.

De barco, de automóvel,
de comboio, de avião,
atravessei vales, montanhas,
cruzei mil cores nos ares,
naveguei por rios, mares,
lagos, baías, oceanos,
cheguei aonde cheguei.

Estive em aldeias e vilas,
cidades grandes e pequenas,
entrei em museus, teatros,
palácios, templos, ruínas...

Atravessei? Naveguei?
Estive? Cruzei? Entrei?
Verdade, tudo verdade,
tudo tal qual eu contei.
Mas certo é também que nada,
do muito que contei, vi.
Não vi o sol nem a lua.
Não vi nada nem ninguém.

É que não pus sequer os pés na rua!

Sim, sim, mexi os pés bastantes vezes,
mas, na verdade, nem um passo dei.
Como podia eu, se viajei,
todos aqueles longos, mansos meses,
na barriga da senhora minha mãe?

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